[Thecnica Sistemas] Medição de vidros e a eterna questão do custo versus preço 
Login: 
Senha:   
Fazer cadastro conosco
O Site | Quem somos | Contato | Cadastre-se | Apoiadores
Equipe | Perguntas freqüentes

Home
 
Artigos e dicas
 
Cálculos e dados
 
Como trabalhamos
 
Aparelhos restaurados
 
Informações e discussões
 
Equipamentos à venda
 
Contato conosco
 

Você está aqui: Home » Artigos sobre Gerenciamento de obras
Artigo (veja mais 17 artigos nesta área)

Medição de vidros e a eterna questão do custo versus preço

Por Arq. Me. Iberê Moreira Campos e equipe

Cada empresário tem seus próprios sistemas de cálculo de preço. Claro que existem os procedimentos lógicos e técnicos, mas nem todos parecem segui-los, em especial algumas empresas de colocação de vidros. Veja o que aconteceu e tire suas próprias conclusões.

Recentemente fiz uma pequena reforma em casa e precisei contratar uma empresa para colocar vidros em uma porta de ferro, cujo desenho está aí ao lado. O caixilho tem 2,10m de altura por 1,60m de largura, portanto uma área de vidro de 3,36m², isto já sendo benevolente com o vidraceiro pois não estamos descontando a área dos montantes e das travessas internas. Telefonei para vários vidraceiros e os preços estavam em torno de R$ 60 o m², ou seja, ficaria por algo como R$ 201,60.

Contratei um deles para fazer a colocação, mas quando ele chegou no local foi logo falando:
-- Ah doutor... mas é tudo vidrinho... assim vai ficar mais caro...

Pensei que talvez fosse pelo trabalho a mais que daria par cortar os pedaços, mas:
-- Não é isto... é que, como o senhor deve saber, os vidros são medidos em múltiplos de 5 cm, por causa das perdas... assim no seu caso são 60 pedaços de 25 x 25 cm, ou seja, 3,75 m² e o serviço vai ficar em R$ 225,00 ou seja, apenas 12% a mais...

A diferença de preço parece pequena, mas imagine uma obra toda sendo cotada desta maneira... em nome dos bons princípios da matemática e da engenharia, recusei de pronto:

— Sinto muito, meu amigo... não vou contratá-lo pois sua maneira de cálculo está totalmente errada e estou me sentindo prejudicado!

Pesquisando, constatei que o vidro plano é vendido por cerca de R$ 30,00 para os vidraceiros, ou seja, eles têm um “lucro” de 100%. Claro que não é bem assim, pois deste “lucro” a loja precisa tirar suas despesas com aluguel, funcionários, impostos e por aí afora.

Mas a nossa discussão aqui não é esta, estamos falando da formação do preço de venda. Em qualquer situação onde se fornece material mais mão de obra, o cálculo do preço de venda é feito assim:

P = (C + M + T) * E
Onde:
P = Preço de Venda
C = Custo dos materiais empregados
M = Custo da mão de obra
T = Serviço de terceiros, se houver
E = Encargos

Vejamos em detalhes:

Custo dos materiais -– Cálculo muito simples, basta ver o que se vai gastar e o quanto se paga por eles. No caso do vidraceiro, R$ 30,00 o metro quadrado vezes 3,36 m² = R$ 100,80

Mão de obra -– Normalmente se calcula em homem-hora. O valor do homem-hora precisa ser calculado para cada empresa, dividindo os custos fixos pelo total de mão de obra disponível. Digamos que a empresa arque com R$ 10.000 mensais de despesa e tenha três colocadores que trabalham, em média, 150 horas ao mês. Neste caso, o custo do homem-hora é de 10000 / (3 * 150 ) = R$ 22.

Serviços de terceiros -– São ítens não são fornecidos pela empresa, mas contratados. Por exemplo, suponhamos que o vidraceiro precisasse contratar um carreto ou um pintor, o que fosse pago a estes outros profissionais entraria no cálculo como fornecimento de terceiros.

Encargos -– É tudo o que incide percentualmente sobre o preço de venda. Entre estes, temos os impostos, comissão de vendedores, lucro (real) da operação e por aí afora. O coeficiente é igual a:

E = 1 / (1 – P)
Onde P = Porcentagem de encargos.

Exagerando, digamos que o vidraceiro tenha que pagar 10% de impostos, 10% de comissão para um vendedor e mais 10% de lucro, num total de 30%. Neste caso, o coeficiente E será igual a
E = 1 / ( 1 – 0,3) = 1,43.

Resumindo, o nosso vidro sairia por:
Material = 3,36 x 30 = 100,80
Mão de obra = 2 horas a R$ 22 = 44,00
Preço de venda = (100,80 + 44) * 1,43 = R$ 207,00

Mesmo com os valores inflacionados que colocamos, confirma-se então que o nosso cálculo estava certo, e o vidraceiro estava superestimando seu serviço...

Claro que não se espera que se faça este cálculo a torto e a direito, estamos apenas dando um exemplo simples de formação de preço de venda, e mostrando como certos procedimentos viciados alteram completamente os resultados. O fato é que existe muito profissional por aí que não sabe calcular ao certo o quanto cobrar por seus serviços. Assim, se você trabalha com obras abra o olho para o processo de medição, tente entender como se chegou naquele preço e defenda seus interesses!

Publicado em 08/02/2007 às 10:41 hs, atualizado em 28/06/2016 às 18:50 hs


Enviar para amigo Assinar newsletter Entre em contato
Enviar para amigo Assinar newsletter Entre em contato

Nenhum comentário até o momento.

Seja o primeiro a comentar este artigo!

Login:
Senha:
  • Se você já se cadastrou no site, basta fornecer seu nome e senha.
  • Caso ainda não tenha se cadastrado basta clicar aqui.


TEMOS MAIS 17 ARTIGOS SOBRE :
Numa construção ou reforma, de quem é a responsabilidade pelos encargos trabalhistas? Do proprietário ou do empreiteiro?
Uso do CUB para avaliar reforma de sala comercial em prédio de escritórios
Quanto um profissional liberal deve cobrar pelo deslocamento com automóvel próprio para fazer um atendimento a cliente?
Quanto tempo depois de concretada a calçada um carro pode passar nela?
A importância do Habite-se (auto de conclusão de obra)
Alcoolismo no canteiro de obras é perigo iminente
Obra parada, resultado da falta de planejamento e de administração
Reforma de casas antigas: substituição de forro de estuque atacado por umidade e cupins
Reforma de casa ou apartamento requer planejamento, bons profissionais e diplomacia
Será que o Custo Unitário Básico (CUB) serve realmente para orçar uma construção?
Critérios de medição em obra
Como fazer a retificação de área no Registro de Imóveis
Concreto Usinado - Dicas para a Compra
Areia para construção civil: como comprar e como usar
Pedra (agregado graúdo) para construção – escolhendo e usando
Otimizando o uso de brita no concreto: o Teste da Lata
Melhorando a qualidade do concreto feito em obra


Entrar em contato
  • Por favor entre em contato para qualquer dúvida, imprecisão do conteúdo ou informação indevidamente divulgada.
  • Os artigos e demais informações assinadas são de integral responsabilidade de seus autores.
  • O conteúdo deste site está protegido pelo Acordo Internacional da Creative Commons.
  • Os produtos e serviços de terceiros aqui divulgados são de inteira responsabilidade de seus anunciantes.
  • Nosso nome, logomarca e demais sinalizações estão protegidas na forma da lei.