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Estudo de circulação e zoneamento: como distribuir as áreas de uma residência?

Por Arq. Me. Iberê Moreira Campos e equipe

Quem tem prática em projeto percebe rapidamente quando uma edificação foi feita por um arquiteto ou outro profissional especializado e com treino na difícil função de projetar ambientes. Existem pequenos detalhes que passam desapercebidos ao leigo, mas que são captados por olhos mais treinados. A circulação entre os ambientes e o zoneamento de uma edificação é um destes detalhes.

O planejamento de uma construção ou reforma passa por diversas fases como, por exemplo, a análise do entorno e a listagem da quantidade, tipo e requisitos de cada ambiente. Determina-se o mobiliário e equipamentos a serem utilizados, a quantidade de pessoas que usarão aquele ambiente e com isto podemos começar a analisar as medidas mínimas e as ideais, ou seja, podemos determinar a área de cada ambiente. Mas este estudo não é tudo, falta muito ainda para o projeto estar pronto... Falando especificamente em residências, sejam elas térreas, assobradadas ou apartamentos, uma edificação é muito mais que uma coleção de áreas estanques e independentes. Pelo contrário, o zoneamento adequado das áreas independentes é que vai determinar como será feita a circulação dentro e fora da edificação, algo que muito vai influenciar na maneira como as pessoas vivenciam os ambientes e até mesmo na maneira como estes ambientes vão funcionar.

Zonas típicas em uma residencia

Qualquer edificação permite que seus ambientes sejam classificados e divididos em zonas, ou seja, áreas que têm funções e características similares. Durante a fase de projeto, o estudo das relações de proximidade afastamento destas zonas é que permitirá o aparecimento dos primeiros organogramas, mostrando os vínculos desejáveis e indesejáveis entre determinados espaços ou grupo de espaços, bem como distanciamentos que devem ser respeitados. Numa residência, por exemplo, os dormitórios devem ficar afastados das áreas de lazer, devido ao ruído e privacidade, ao mesmo tempo em que a lavanderia deve ficar próxima da cozinha e da entrada de serviço.

De maneira geral podemos dividir uma residência nas seguintes zonas:

Área social — Espaços destinados a interação entre os residentes e os visitantes. Justamente por isso, muitas famílias consideram esta a área mais nobre da casa, afinal, é onde as visitas terão o primeiro contato com os moradores e seu estilo de vida. Uma casa ou apartamento simples terá apenas uma área social, com espaço apenas para um jogo de sofás e um televisor. Casas maiores poderão ter uma ou mais salas de estar, sala de jantar, sala de TV (ou de home-theater), sala de jogos, varanda e qualquer outro tipo de ambiente para o convívio.

Área de lazer — Tenho reparado que, para o brasileiro típico, área de lazer é sinônimo de churrasqueira, piscina e quadra de futebol. Inclua-se aí uma varanda para bater papo e tocar uma musiquinha e temos aí a receita perfeita, certo? Não, não é bem assim... O conceito de lazer varia muito de família para família, para algumas realmente é importante a piscina, para outras basta a churrasqueira, enquanto que para outras pode ser um espaço para praticar meditação ou para fazer pintura e artesanato... Enfim, se a residência tiver espaço, previsão e verba disponível que permita a construção de uma área de lazer, a família precisa ser entrevistada detalhadamente para saber que equipamentos são necessários e qual área precisará ser reservada para esta atividade. É importante também tomar cuidado para que as atividades na área de lazer não atrapalhem quem deseja descansar ou fazer outras atividades, visto que piscinas, salões de jogos e salões de reunião são uma grande fonte de ruído e de entrada e saída de pessoas.

Área intima — É exatamente o oposto da área social, ou seja, enquanto que a área social deve privilegiar e equipar a interação entre as pessoas, as áreas íntimas devem proporcionar acolhimento e sossego necessário para que a pessoa possa descansar, relaxar e meditar. O exemplo típico de área íntima é constituído pelos dormitórios, mas também é possível haver uma sala íntima, para convívio apenas entre os membros da família ou entre um casal. Casas mais nobres podem dispor também de varandas e jardins que, para ganhar privacidade, só podem ser acessados a partir de uma área íntima.

Jardins e áreas externas — São parte fundamental de qualquer residência. A não ser que a edificação ocupe todo o lote, coisa comum nas casas antigas, a casa vai ter áreas externas, isto é, que não têm cobertura e portanto ficam expostas ao clima. Estas áreas externas podem ter partes diferentes, isto é, dedicadas a diversas funções como, digamos, para jardins ornamentais, ou para lazer, com piscinas e quadras de esportes ou, ainda, para construção de áreas íntimas reservadas como, por exemplo, um pequeno jardim a partir de um dormitório ou de um banheiro. O estudo das áreas externas é tão importante quanto das áreas internas, e frequentemente seu custo é esquecido quando se faz as primeiras análises das quantias necessárias para fazer uma construção ou reforma, sendo causa frequente de construções inacabadas.

Área de serviço, lavanderia e cozinha — São áreas especializadas e que precisam de equipamentos específicos. As lavanderias precisam de tanque, máquina de lavar roupa e espaço para passar roupa, sem falar de espaço para varal e para uma eventual máquina de secar. Em residências mais sofisticadas a lavanderia fica separada da área de serviço, ficando nesta última espaço para pendurar roupas e para passar, enquanto que a lavanderia fica apenas com o tanque e as máquinas de lavar e secar. As cozinhas podem estar integradas à copa ou, nas casas maiores, a copa é um ambiente separado da cozinha. O mesmo se pode dizer da despensa, casas mais completas têm um cômodo especialmente reservado para a despensa, enquanto que as residências mais simples se contentam com um simples armário para guardar os mantimentos. Como equipamentos típicos das cozinhas podemos citar fogão, com ou sem forno, forno de microondas, máquina de lavar pratos e filtro de água. Mas não se pode esquecer de espaço para guardar e utilizar equipamentos menores, como liquidificadores, batedeiras, fritadeiras e similares.

Banheiros, lavabos e vestiários — Estas também são áreas especializadas e que precisam de equipamentos específicos. A grande diferença de um lavabo para um banheiro é que o primeiro não tem o chuveiro, limitando-se à bacia sanitária e um lavatório. O banheiro mais simples conterá box para chuveiro, lavatório e bacia sanitária. Banheiros mais completos terão também banheira (com ou sem hidromassagem) e bidê. Os vestiários geralmente estão associados à prática de esportes, principalmente com piscinas e quadras de esporte, e consistem num local onde as pessoas vão para trocar de roupa, preparando-se para o esporte ou para quando retornarem do esporte. Os vestiários devem ter, além da área para troca e guarda de roupa, bacia sanitária, lavatórios e chuveiros.

Garagem — Espaço destinado à guarda, circulação e acesso aos automóveis. Nas residências maiores, poderá estar associado também a um depósito, para guardar pneus, calotas e outros acessórios, além de materiais de consumo como óleos, lubrificantes, água e materiais de limpeza. A área reservada para um automóvel é bastante considerável, ficando geralmente entre 12 a 25 m² por veículo. Será mais ainda se considerarmos os acessos à garagem, tanto para os veículos quanto para os pedestres. O ideal das garagens é que permitam fácil acesso tanto a partir da rua quando da garagem para as entradas de serviço e social, de preferência sem escadas, o que pode ser ruim para quem chega com muitas compras ou então para quem tem dificuldades de locomoção (cadeirantes e similares). As garagens precisam de ventilação permanente e devem ser feitas em materiais de fácil limpeza, pois os veículos são fonte de todo tipo de sujeira, que chegam impregnadas na lataria (chuva e poeira) ou então são gerados pelo próprio veículo, com vazamento de água, óleo e outros fluidos. Por outro lado, a garagem deve ficar isolada das áreas sociais e íntimas, para que o ruído dos veículos entrando e saindo não atrapalhe o descanso ou a conversa das pessoas.

Circulação horizontal e vertical — Incluem-se aqui os corredores, escadas, páteos e qualquer outra área destinada, especificamente, a fazer a interligação entre ambientes. A circulação pode usar equipamentos tais como elevadores e escadas rolantes (para circulação vertical) e passarelas motorizadas (para circulação horizontal). Se houver obstáculos maiores pode ser necessário também o uso de equipamentos especiais para cadeirantes. O estudo das circulações é importantíssimo, como já dissemos, porque são elas que vão separar ou unir as diversas zonas da construção, facilitando ou impedindo o acesso, permitindo ou não a condução de ruído. As circulações podem chegar facilmente a 15% ou mais da área construída de uma edificação, mais um motivo para que sejam previstas de maneira criteriosa e cuidadosa.

Dependências dos empregados — As casas e apartamentos mais antigos (digamos, até os anos 90) sempre tinham pelo menos um quarto e um banheiro de empregada. Afinal, era comum as famílias terem empregadas domésticas e muitas delas dormiam no trabalho. De lá para cá as leis trabalhistas foram ficando mais rígidas e as condições sociais foram se modificando, e hoje só mesmo as famílias mais ricas (ou que realmente precisam) é que tem um empregado doméstico que dorme em casa. Por este motivo, os imóveis mais novos só possuem dependências de empregado doméstico quando forem de alto padrão. Nos imóveis antigos, as dependências de empregada acabam em muitos casos virando quarto de despejo ou então ganham usos mais nobres como escritórios, ateliês ou até mesmo para funcionar como um dormitório adicional para a família. A situação é totalmente diferente nos imóveis de alto padrão, especialmente em residências, onde as dependências para os empregados devem ser dimensionadas de acordo com as necessidades. Nas casas grandes, voltadas a grandes empresários e executivos, é comum haver 2 ou mais dormitórios, além de sala de estar, cozinha e mais de um sanitário, tudo com acesso privativo pela rua.



Em suma...

A confecção e análise da distribuição espacial e divisão em zonas de um projeto arquitetônico, com o estudo da circulação e da interação entre as áreas não é uma tarefa simples. Requer raciocínio espacial e o perfeito entendimento das representações arquitetônicas, ou seja, plantas, cortes, fachadas, perspectivas, maquetes e representações 3D no computador. Todas estas são ferramentas que podem e devem ser usadas para fazer o estudo do zoneamento da futura residência.

Este estudo não é absoluto e definitivo. Depois de cada etapa de desenvolvimento do projeto o estudo do zoneamento deve ser feito, para ter certeza de que o projeto não avance para uma próxima fase sem que esteja atendendo aos requisitos fundamentais entre o perfeito convívio entre as diversas zonas o que, no final das contas, resultará em espaços mais agradáveis e funcionais.

Publicado em 15/12/2006 às 17:04 hs, atualizado em 28/06/2016 às 17:39 hs


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