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Origens da sustentabilidade em arquitetura

Por Prof Arq Msc Wagner Amodeo e equipe

Todos sabem da grande repercussão científica e jornalística a respeito dos impactos ambientais que as ações humanas vêm provocando. Ressalta-se assim a necessidade de conscientizar os profissionais e sociedade em geral sobre o tema. Cabe ressaltar a maior responsabilidade daqueles que mais diretamente influenciam no ambiente e entre eles está o arquiteto e o urbanista.

Está na própria natureza da profissão do arquiteto e do urbanista a transformação do meio em que vive e, ao longo da história e em qualquer região do planeta, destaca-se o surgimento das cidades e de edificações como índices de civilização. Para a conquista e confirmação de territórios a espécie humana interferiu drasticamente nos lugares onde se assentou. Devastou matas, esgotou pedreiras, interferiu nos cursos de água, alterando-os e poluindo-os, impermeabilizou o solo, alterou a paisagem natural e cultural e lançou na atmosfera diversas toxinas. Só para citar alguns exemplos.

O que deve entrar em questão é o termo sustentabilidade tão em voga na atualidade. Sob a pecha de um possível modismo ou utilizado somente como uma maquiagem publicitária esse termo está sendo empregado muitas vezes sem qualquer critério e corre-se o risco com a vulgarização do emprego da palavra não só a própria palavra esvaziar o conceito que ela carrega. Há de se destacar dois parâmetros importantes para a correta compreensão da sustentabilidade em arquitetura: Economia e Responsabilidade.

Economia, sustentabilidade e arquitetura

O termo “sustentabilidade” teve sua principal origem nos pensadores econômicos Ignacy Sachs e Karl William que desenvolveram e defenderam a idéia da “ecosocioeconomia” por volta de 1970. Explica-se sumariamente. Vivia-se o contexto do pós-industrial e da pós-modernidade com as críticas pertinentes ao sistema produtivo industrial bastante predatório ao meio-ambiente e, ao mesmo tempo, sob o pretexto da economia de escala, igualava os produtos sem considerar as necessidades individuais, mesmo que fossem de pequenos grupos sociais. A industrialização e os ideais dos direitos igualitários não cumpriram suas promessas. A realidade era um sistema ainda fordista e de um capitalismo extremamente imaturo e explorador.

Por um lado o nível de desigualdade e pobreza continuava a crescer em muitas partes do globo e o século XX foi marcado em suas primeiras décadas com grandes guerras seguidas de outras menores que tiveram grande impacto, sem se esquecer da prolongada Guerra Fria. De outro lado novas tecnologias foram desenvolvidas propiciando um novo modo de produção. Críticos contemporâneos perceberam certas fragilidades no sistema industrial em vigor, dessas, a principal que aqui cabe ressaltar, é o comprometimento e possível esgotamento de recursos fundamentais como o petróleo e a água.

Assim sendo era – e continua sendo — premente uma consciência sobre a proteção dos recursos econômicos para a produção futura. Alerta aos custos de toda a natureza sobre a os problemas causados pela poluição e, ainda, chamava-se a atenção sobre a preservação ambiental e cultural em um sistema que anunciava valores internacionalizados. Fazia-se necessária a crítica contundente e abria-se espaço a um novo contexto denominado posteriormente de pó-moderno e pós-industrial. Cabe indicar alguma influência que movimentos culturais alternativos exerceram sobre as décadas de 60 e 70. Sustentar é, portanto, prever a possibilidade de continuidade da produção econômica (crescimento e desenvolvimento) sem colapso. Para isso tornou-se necessário defender novos conceitos de qualidade de vida e preservação ambiental ou manejo sustentável

Problema novo e antigo: responsabilidade

Qualquer atividade humana deve ser sempre exercida com o máximo de responsabilidade. O exercício da arquitetura e do urbanismo merece destaque, pois representa a transformação das cidades, principal palco de suas atividades, seja por seus planos seja pela geração de atividades econômicas importantes. Não há arquitetura e urbanismo sem as atividades humanas e sem impacto ambiental.

Sem considerar qualquer tipo de possíveis deslizes no exercício profissional há de se destacar, em razão das transformações sociais, que o sentido de responsabilidade assumirá novos compromissos em épocas distintas e regiões distintas.

Na época do barroco, por exemplo, previam-se grandes eixos visuais nos planos urbanísticos, consideravam-se questões de segurança e abastecimento e de propagação de mensagens pela estética empregada, mas, com certeza, questões de impacto ambiental como os entendidos hoje nem passavam pela preocupação dos profissionais e dos agentes promotores das transformações urbanas.

Não se pode afirmar que agiram, naquela época, sem responsabilidade ou sem consciência dos impactos sobre aquilo que lhes competiam fazer. O contexto e a demanda eram outras. Hoje, do mesmo modo, deve-se ter a crítica de não atuar por impulso ou modismo e, ao mesmo tempo compreender, que as questões da sustentabilidade em arquitetura e urbanismo não podem ser compreendidas sem o sentido econômico mais amplo e sem o sentido do desenvolvimento social e da preservação cultural que, com certeza, irá diferir de região a região e poderá se distinguir em questões de anos.

Mais do que nunca deverão ser buscadas soluções regionalizadas e contemporâneas constantemente reavaliadas e com os rumos corrigidos. Olhar às nações do primeiro mundo é condicionante fundamental, olhar para sua própria condição ambiental, econômica, social e cultural é determinante imprescindível. Poderá haver uma única postura sustentável em arquitetura em todo o mundo, mas com certeza, as soluções e estratégias adotadas poderão diferir muito entre si.

Um pouco da história da sustentabilidade

Em 1854 um chefe indígena apresenta uma carta ao então presidente dos EUA referente a uma proposta que sua tribo recebera para vender suas terras ao governo. Não se pode mais crer no “Bom Selvagem”, entretanto pelas razões históricas dos índios de qualquer região deste planeta e pela evidente dependência dos mesmos ao meio ambiente para a sobrevivência de seus clãs torna-se interessante verificar suas posturas frente às questões ambientais que o homem branco ocidental do século XIX (ou mesmo do século XX) não podia nem vislumbrar. Diz o chefe Seattle da Tribo Duwamish (trechos):

“Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro... como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto: Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende... Deverão ensinar aos vossos filhos que o chão debaixo dos seus pés é feito das cinzas dos nossos antepassados. Ensinem aos vossos filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão é sobre eles próprios que cospem. De uma coisa sabemos: a terra não pertence ao homem, é o homem que pertence à terra. Disto temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo o que acontece à terra acontece aos filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a teia da vida, ele não passa de um fio da teia. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.”

De algum modo, e adaptados às nossas necessidades, essa carta de meados do século XIX chama a atenção de todos para uma visão sistêmica onde tudo depende de tudo e de todos. Deve-se ter profissionalmente e como cidadão postura semelhante ao Chefe Seattle frente ao meio ambiente e às gerações futuras.

Referências cronológicas

De modo sucinto pode-se dizer que a sustentabilidade deve prever a minimização dos impactos ambientais e otimização no uso dos recursos. Para o emprego correto do conceito sustentabilidade e, mais ainda, buscar uma adequação do conceito à arquitetura e urbanismo deve-se ter uma cronologia de importantes eventos referentes ao tema:
  • 1972 Realiza-se a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Estocolmo). Origina o PNUMA – Programa das nações Unidas para o Meio Ambiente (Quênia, 1972).
  • Em 1987, a CMMAD, presidida pela Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, adotou o conceito de Desenvolvimento Sustentável em seu relatório Our Common Future (Relatório Brundtland ). Uma frase desse relatório tornou-se o sumo do conceito de sustentabilidade e, como pode-se ver, não está distante da afirmação daquele chefe índio mencionado: ... (sustentabilidade, ações e estratégias que) ... ” atendem às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades.”
  • Realiza-se a Eco 92 - Cúpula da Terra (Rio de Janeiro). O Desenvolvimento Sustentável: equilíbrio entre a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico. Origina a Agenda 21 (compromisso entre 170 países).
  • Em 2002 acontece a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Joanesburgo) conhecida como Rio+10, pois foi prevista na ECO 92 para reavaliação.
  • Entre 1993 a 2004 estabeleceu-se a ISO 1400 – International Organization for Standardization entre 93/2004
Na cúpula mundial de 2002 definiu-se os seguintes eixos norteadores para a sustentabilidade :
  • Desenvolvimento econômico
  • Desenvolvimento social
  • Proteção ambiental
Ests eixos norteadores desenvolvem-se num projeto de implementação mundial acrescidos dos aspectos culturais: Sociedade, Ambiente, Economia, Cultura.

Conceito de sustentabilidade em arquitetura

Em um projeto e uma construção, deve-se considerar, para citar alguns exemplos, os impactos ambientais, sociais, econômicos e culturais durante o próprio projeto, durante a obra e ao longo de sua utilização, os recursos materiais e de serviços utilizados, os recursos energéticos necessários para a consecução e utilização, a geração de emprego e desenvolvimento social incluindo-se o processo de qualificação de mão-de-obra, menor poluição, respeito aos aspectos culturais regionais, os recursos de manutenção e limpeza, a vida útil do projeto construído, sua flexibilização para a adequada extensão do uso ao longo do tempo e o destino final ao término da vida útil.

Sustentabilidade em arquitetura é a atitude de todos os agentes envolvidos no sistema de produção arquitetônica, em especial do profissional arquiteto, focada na busca de soluções para conservação de recursos e com menores impactos ambientais decorrentes da intervenção em todas as fases da produção, do projeto à obra, do uso à manutenção, da extensão da vida útil ao descarte final da edificação.

Algumas referências na internet

Existe pouca coisa na internet sobre sustentabilidade. Na verdade existe até muito material, mas a maioria está apenas dizendo que ela é necessária porém sem ensinar exatamente como fazer e proceder. Abaixo estão alguns locais interessantes para quem deseja estudar a fundo o tema:
  • ONU - Org. Nações Unidas: www.onu-brasil.org.br
  • GEO Cidade de São Paulo - É uma publicação da Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma): www.pnuma.org/brasil/geo-saopaulo.pdf
  • Agenda21(92)Rio+10(2002): www.ambiente.sp.gov.br/agenda21/indice.htm (Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável Estocolmo, 1972 – Joanesburgo, 2002): www.ambiente.sp.gov.br/destaque/joanesburgo.htm
  • Protocolo Kyoto(97-99): www.mct.gov.br/index.php/content/view/27339.html
  • Min. Meio Ambiente: www.mma.gov.br
Se você souber de mais algum link interessante mande-nos, por favor, para irmos completando a lista acima.

Publicado em 01/03/2009 às 08:13 hs, atualizado em 28/06/2016 às 17:33 hs


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